sexta-feira, 27 de novembro de 2009
Apelido: Uma das leis da capoeira
Sou Manoel. Manoel Henrique. Mas sou Besouro.
Sei das histórias de vários apelidos de Santo Amaro da Purificação. Sei de Siri de Mangue, fui carne com Espinho Remoso, com Cordão de Ouro, Canário Pardo. Muita tropelia encomendei junto com Samuel Quero Quero nas festas e dias de guarda porque sou homem que não compro barulho fiado não.
Todo mundo sabe. Na capoeira então é lei todo mundo ter um nome de fé. Um nome pra bater e levar porrada.
E o meu é Besouro.
Meu nome chega antes de mim em muitos lugares e custa a ir embora depois que passei por lá.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Ninguém não vive sem uma fé. Pode ser em um deus ou
Tem quem acredite em breves , figas, terços. Tem os que se apegam com santos, rezas, promessas.
A mandinga está na fala ou na sola de um pé. O que sempre me valeu foi a intuição. Mandingada é a arte de manter o tino justo no improvável. A hora do besouro é incerta e vigorosa. E ai daquele que deixar olho no caminho do peste.
Besouro arde de ficar roxo! Capoeira é magia grande. Sempre fui homem cumpridor das minhas obrigações. A mim ninguém não atenta. Eu é que sou o capeta!
- Besouro
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
Só depois de muitos feitos e desfeitos foi que minha fama veio a crescer e encher mais que a bexiga em festa de carnaval. Cresceu tanto e encompridou foi mais muito mesmo que as sombras no cais do rio no fim da tarde.
Fama engorda e cresce, tanto quanto gente, e a minha foi ficando tão forte e viajeira de modo que passou a chegar bem antes de mim em muitos lugares, rinhas, brigas, festas e tocaias. E deu de custar de muito a ir embora, mesmo depois de eu já ter ido. Mas foi só isso. O resto é o povo que inventa e aumenta.
Todos sabem hoje, souberam antes e tantas gentes ainda vão saber amanhã que sou Besouro. Mais não conto. Não sou qualquer um. Quem quiser que tire suas conclusões.
- Besouro
terça-feira, 17 de novembro de 2009
Besouro e seu Mestre
Tio Alípio me ensinou de tudo um muito. Com a calma do parteiro dos anos que a eternidade é que engendra. Ele era um negro, daqueles uns que olharam bem no fundo da maldade e viram a única forma de sair vivo de lá.
A capoeira é arte do dono do corpo e de outros tantos. Pois se não. Capoeira é de todos e de Deus. Mundo e gentes muitas têm mandinga, corpo tem poesia, pássaro tem bico. Capoeira tem axé. Meu pai e meu mestre me ensinou. E isto não é pouca coisa.
Mas mel não conhece flor nem reconhece abelha. O que me ensinou capoeira conhecia.
- Besouro
sexta-feira, 13 de novembro de 2009
O Nascimento do Besouro
Quando nasci, o padre não quis dar sua benção. Disse que não ia batizar o filho de Ogum que eu era, a não ser que meus pais renegassem a sua fé de origem, o que meu pai e minha mãe se negaram a fazer.
Um besouro entrou no ouvido do padre nessa hora. E ele amaldiçoou por isso em vigoroso italiano tanto do palavrão que deixou suas beatas com todos os olhos arregalados e com as bocas abertas.
Quando nasci foi assim. Pelo menos foi o que me contaram.
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
Feijoada no Paraíso – A origem do lendário Besouro.
Nessa obra épica sobre luta e preconceito, Marco Carvalho narra a história do lendário capoeirista Besouro, ícone da cultura popular baiana entre os séculos XIX e XX, e analisa esse misto de dança e de luta ao acompanhar a trajetória de um de seus mais importantes adeptos.
A obra conta na integra a história que muitos consideram a mais próxima da verdade, sobre a vida dessa mítica figura cultuada por capoeiristas do Brasil e do mundo.
Feijoada no Paraíso, lançado pela Editora Record, foi o livro que deu origem ao filme Besouro, e seu lançamento vem acrescentar mais ao universo desse herói que é conhecido pelo público nos cinemas brasileiros.
Já a Venda nas livrarias.